terça-feira, outubro 31, 2017

gritos

moro perto de uma casa de repouso para idosos
e alguns idosos com problemas mentais e anti sociais
ou pelo menos anti alguma sociedade
mas em virtude da demência ou enfermidade
eu ja nasci demente
ouco alguns gritos bem fortes
gritos diferentes
em horários diferentes
mas um grito
ninguém se acostuma
de tardinha escuto uma mulher
a gritar
desesperador
as vezes
um nao
mas acho estranho
ouvir toda esta historia
e este nao no final
mas no outro dia
tudo igual
novamente
o vicio
pode ser
um desespero

sexta-feira, abril 22, 2016

.

gosto de escrever
encontrar um jeito bom
de registrar a alegria
do q pensei

.

adeus
me lembra
a deus dara

.

na infancia
antes de uma blitz
vi lancarem
da janela de um carro
alguma coisa

qdo a policia foi embora
procurei e achei
era droga

chamei primos e amigos

resultado
paramos todos
na delegacia
pra provar
q achado
nao eh
roubado

.

mais velho
talvez feliz
zelador
de um
condominio
de mulheres
quatro apartamentos
zelava
por todas elas
viuvas
solteiras
separadas
um predio
de tres andares
dois por andar
quatro mulheres
mais um apartamento
para mim
o outro
era pra aluguel
uma mulher
depois da outra
chegando
e partindo
enchendo
o condominio
de ciumes

terça-feira, março 15, 2016

.acho q isto nao eh meu

nao tenho
o tempo
a me marcar
o passo

passa tempo

passo eu
no meu
passo

quarta-feira, janeiro 08, 2014

.

um carro
com alto falantes
passa na rua
anunciando
as promocoes
de certa loja

a propaganda
ainda eh
medieval

.

penso
sonho
planejo
corro atras
dos meus objetivos
feito cao de caça
mas sou
cachorro velho
farejo muito bem
e aponto
mas de longe

no fundo
ja sei q a caça
nao eh minha

.

a deus dara

sempre me deixou
confuso

pensando
quem seria este tal

DEUS DARÁ




.

prendo o rabo
dando as costas
pra mim mesmo

c.m.

seu silencio
bate aqui
feito
marteladas

.

um pequeno texto
so pra mim
ponto
e fim

.

gosto qdo deus
manda colocar maiusculas
nos Seus nomes e pronomes

adeus
deveria ser escrito
aDeus
a maiuscula
no meio da palavra
assumindo Ele
a responsabilidade
da despedida

.

arquiteto acha
q se ele tem
uma boa ideia
para um lugar
da cidade

o poder publico
tem q executar

caminhos

vamos indo
vamoindo
vamoino
vamino
vao

g.^

datavenia
datavania

.

mesmo a letra
sendo burra
as vezes
o verso
empurra

.

o desenho
da letra da frente
decide o meu s
ser ou nao ser
cedilha

.

de inicio
compenso

na escrita a mao
o desenho
do meu s
disfarca
o c cedilha

.

gosto mesmo
de virar a pagina
do caderno
e a proxima
ser em branco

.

um verso
e basta
inverso
e bosta

arquitetura

coloquei uma luminaria
para aumentar a luz
do meu quarto
me veio
a sensacao
da vida
ser mais
clara

.

sou bruto
no q falo

ao telefone
puro
pontape

.

o a partir de amanha
da promessa de regime
na verdade
eh hoje

.

foco
objetivo
tudo isto
se persigo

passo
atropelando

.

a pausa pro cigarro
da a ideia ao fumante
de ter mais alguns instantes
pra pensar
antes de qq coisa

.

a propaganda politica
tira da favela
as verdadeiras historias
das pessoas

.

muito facil
aquilo q eh
exagerado
dar errado

quarta-feira, janeiro 01, 2014

p.y

a fofura
um dia
tortura



g.^

e as bochechas
ficando
vermelhas
me lembrando
espanha

quarta-feira, dezembro 18, 2013

word

escrevo errado
nao pontuo
nao acentuo
a virgula
muito menos
vou desenhando
com as palavras
na pagina
em branco
se passar
no corretor
ortografico
insosso
fico
mortografico


domingo, março 06, 2011

carnaval 2006

quarta de cinzas
no ipod U2
one love
nos olhos
tanto choro
como te amo
eh sufoco pra mim
nao termos sido
um o amor do outro
naquele primeiro encontro
no hotel q se acabou

sexta-feira, agosto 06, 2010

trote

tenho medo de telefone
de ligar pras pessoas
minha voz
nunca eh reconhecida
sempre parece
q eh engano

terça-feira, agosto 25, 2009

viralata

perseguir os sonhos
sempre me pareceu
um cachorro correndo
atras do proprio rabo

doenca

fugir
do texto
academico
me leva
pro texto
anemico

.

uma tatuagem linda
nos ombros de uma menina
flores arabescos
no meio de tudo
uma frase escrita
com letras desenhadas
de onde estou
tudo de lindo
q quiser
pode ali
estar escrito

melhor idade

acabo de ver
uma senhora bem velha
com os cabelos muito brancos
compridos
na altura dos ombros
escorrendo nas costas

mulher forte
marcas de magreza
e velhice
rosto riscado da vida
vida parecendo sofrida


mas o cabelo
toda a tristeza
despreza
e sorri la de cima
gargalhando
dreadlocks

tragico

em cada alegria
q a vida me da
penduro junto
tristeza pesada
de carregar

vejo nos brincos
enfeitando as orelhas
o sangue escorrido
da hora de furar

quarta-feira, agosto 20, 2008

conto de fadas contemporaneo

o principe encantado
foi trocado
pelo orgasmo

protecao

no inicio da viagem

o catolico
o sinal da cruz

o crente
a oracao

o ateu
antes eles
do q eu

personalidade dupla

se desenho uma coisa
nao gosto
q ela
tenha o meu nome
a coisa
ja tem nome

..

um verso
ao menos
um verso
ou menos

tecnologia

a fotografia digital
troxe pras pessoas
a sensacao
de q o enquadramento perfeito
eh questao
do acaso

quasimodo

sou quase
todo
um quase

sempre

por puro
costume
em ser
do contra
concordo

teletransporte

na minha mao
agora
eu so queria
qualquer aparelhinho
q pegasse o meu verso
e levasse pra vc

presunto

escrevo bobagens
e acho
q descobri
o mundo

vontade propria

meu telefone
se recusou
a guardar
nas notas que ali escrevo
odio em versinhos

erotico

xexo
eh pura
sinta
xexo
eh pura
sinta
xexo
eh pura
sintaxe

quinta-feira, abril 17, 2008

haicai

daqui a i
da i aqui

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

marcio

meu nome
eh quase
um pigarro
na garganta

cada

a cada dia
um verso
se muitos
verso
perverso
escolho
um

res

reduzindo
vou diminuindo
as palavras
ate tirar
todo o conteudo
de mim

advogado

meu direito
me faz exigente
com o dever
do outro

.

sou todo
sincero
qdo toco

gramatica

dependendo
de como sento
mudo o q penso
o pensamento
depende
do acento

dicionario

as palavras
me veem
e vao

assustador

este barulho me mata de susto
qual?
nao sei
nunca tinha ouvido

.

nao penso o contrario
so pra ser do contra
penso
espontaneamente

.

tudo tao lindo
qdo penso
tudo tao bobo
qdo escrevo
o mais interessante verso
aquele q esqueco

.

sou assim qdo escrevo
bom para consumo

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

.

de
cada
isto
fica
um
cisto
tenho
em
mim
coracao
policistico

sexta-feira, dezembro 21, 2007

30

eu
inspiro
a vida
quando
escrevo
uma
palavra
em
cada
linha
ainda
que
seja
peque
ni
ninha

18

mesmo tarde
se quiser
eu nao durmo cedo
passa la em casa
entra
fuma um cigarro
eu ganho um beijo
durmo calminho
ou nao

19

nao existe
ainda coisa
que me convenca
a largar

num outro lado
da morte
ha prazer

por fim

o vicio

vinga

20

na paisagem
eu nao posso
descortinar
a vista toda

o infinito
da a ideia
de que ali
posso eu
jogar o lixo

21

na espanha
mulher tem uma morte a mais
morre defenestrada
anunciam no periodico

24

escrevo letra a letra
na velocidade que penso
escrevo dice e as vezes disse
eh que penso falando

26

viro a cabeca
e me escapa o pensamento

28

levanta e anda

obrigado
estou so descansando

29(biblioteca)

existem robos
milhares deles
que hoje
digitalizam
todos os livros
do mundo

ate que enfim
alexandria

31

nao que te conheca
acredito mesmo
eh no que invento

32

na surpresa
do dizer
eh que se enconde
o voce

33

so quero existir
por causa do jeito
do meu jeito
so se for assim

de outro jeito
acabo
sujeito

34

isto de pensar
que o amor
cai do ceu
ja caiu
e ninguem
ve
ou
viu

35

quero ser
um arrependimento
de nao ter sido
ser sempre
aquele que escapou

a duvida
dura mais

36

o que penso
do homem
no eh
o homem

o que penso
de mim
pode sim
ser
assim

37

a timidez
eh um espelho
que reflete
atras da gente

38

sou timido
muita gente
me incomoda
mas desconfio
que esta dor
no fundo
eh felicidade
espremida

39

especie nativa
eh o q o passarinho traz
no coco

o que tinha ali
ja morreu

domingo, julho 08, 2007

projeto social

Projeto Cumprimento
Nada a cumprir
So cumprimentar

pontuacao

eu nao tenho estudo
mas nao eh por isto
que eu erro a pontuacao
eh mesmo por vergonha
quem sou eu pra separar
duas palavrinhas
e ali no meio delas
colocar a virgula

escrever

faz de conta
que nao existo
que sou
so este
que sou
so texto

opio

na igreja
nos ensinam
a ouvir a voz
de deus

classes de psicose

propaganda

o certo
o errado
questao
de puro
marketing

o homem
a mulher
de puro
cuspe

magia

a cada palavra
que penso
verso

a cada palavra
que falo
fodo

p.

esta tristeza
dos olhos
de bicho
que sabe
extinto


catalao

de tudo tudo
que me resta
so resta
mesmo
um resto
restia
nada
res

eu

a cada instante
me sinto
estanque

sábado, julho 07, 2007

cafe da manha

comprei
pao branco
pra voce

terei que ir
entao
comer torradas

mas teras tambem
que esperar
a manteiga
derreter

dicionario

nossas palavras
dizem coisas diferente
pasteizinhos
pasteis pequenos
eu vejo
um pastel nenem
o diminutivo
acaba por levar
a palavra
a passear
na infancia

presentes de casamento

Eu nunca iria
na sua casa nova
caso fosse
serviria vc
um vinho
nas tacas
que nunca
abrimos?

religiao

a agua
corre pro mar
porque eh garantia
de que ela
vai pro ceu

flores

Sou um excelente
jardineiro
se eu vejo
qualquer das coisas
ja vou logo vendo
uma ternurinha
nascendo

segunda-feira, maio 14, 2007

casa

aqui
do lado de fora
desta cerca
eu sinto
que bonito
ver o bosque
que plantei
abrigar
outros meninos
ao inves
dos meus

tecnologias

meu telefone novo
tem um teclado
pra escrever
estou adorando
este telefone
eu escrevo
fecho a capinha
ponho no bolso
e penso
que guardei ali
a vida

quarta-feira, março 14, 2007

cego

fico de olhos
bem fechados
nao quero perder
um instante
do que se passa
dentro
de mim

tempo

quando
eu cochilo
a hora
ja passou

post

todo dia
nao
posto
um email
de amor
eh tudo
que
posso

social

nao muda
nada nao
so realca
o cidadao
na pesquisa
de mobilizacao
pra saber
quantos
cada um
faz o que

serra do curral

moro perto
de um parque
no alto da serra
da cidade
numa noite
descobri
quem traz
o inverno
eh a floresta
la de dentro
vem o frio

maldicao

ansia
de entender
o nao dito

valor

as relacoes humanas
sao todas comerciais
quanto mais intimas
mais gostoso
fica o dinheiro

vacuo

viciado
em ausencias
um cochilo
e ja acordo
em outro
de mim

sabor

pra te conhecer
preciso eu
saber
suas
linguas

corpo

meus olhos veem
meus ouvidos
ouvem
em velocidades
diferentes
o que
houve

ditos

tenho em mim
palavras
com razao
eu digo
e elas
sao

terça-feira, janeiro 30, 2007

se

se encontro
sentido
no que penso
mudo logo
de assunto
minha cara
com o outro
concorda

engenharia

fica feio
mas esta na cara
que resolve

campo

se nao foi
um carrapato
que te mordeu
outro bicho
te comeu

unidades habitacionais

uma casa
em cima
da outra
eh dificil

favela

o morro
comove
nada de pena
ou do
mas algumas coisas
eh preciso amor
pra pensar

28/01/2007

ja pensou?
o primeiro mes
ja passou

domingo, dezembro 24, 2006

braguinha

um milk shake
de morango
fez sempre do rio
uma cidade mais doce
a cada fim de tarde
na mesa dele
um copo
cheio de ternura
coloria a praia
de um rosa
cheio de musica

segunda-feira, setembro 04, 2006

sonho

contente eu fico
de ser triste e dolorido
desajeitado em viver
e no fim da noite
descobrir um verso
que me faz
sorrir

estranho

nao que eu te conheca
acredito mesmo
no que invento

analise

na surpresa
do dizer
eh que
se esconde
eu

quadrinhos

tres quadradinhos
poucas palavras
algumas tirinhas
so algumas
as vezes
conseguem
te tirar
de um
instante

cai cai

isto de pensar
que o amor
cai do ceu

ja caiu

ninguem
ve
ou
viu

poder

o que eu penso
de mim
pode sim
ser assim

reflexo

a timidez
eh um espelho
que ve
onde vc nao ve
a timidez
eh um espelho
que reflete
atras

escola

na escola
sempre tive
muito medo
de responder
a pergunta do professor
e acertar

eu

sou timido
odeio trabalhar
muita gente
me incomoda
mas sempre desconfio
que esta dor
no fundo
eh felicidade
esprimida

fe

sempre tenho
em mim
a razao
da desgraca
alheia

apelido

longe de mim
carregar tanta propriedade
ao dizer
meu nome

domingo, agosto 06, 2006

nome

minha analista
disse que devia
eu mudar de nome
nao me chamar mais
pelo apelido

meu deus
se o nome
coube em mim
cabe eu
levar
a cabo

se

tiveramos querido
estariamos aqui
se estivessemos

saida

com a analise
entristeci
pra tras
fico com preguica
de sair
de la

evangelho

o evangelho
coloca na gente
a sensacao
de que todas
as vezes
que pensamos
estamos mesmo
eh anunciando
as boas novas

telefone

em casa
meu celular
eh fixo

fora

morro de medo
do barulho
do outro lado
de mim
ia dizer
do outro lado
da porta
mas bateram
eu atendi

salvador

eu nao vim
salvar o mundo
nao sou tao assim
mas uma coisa
eu digo
prefiro
morrer tentando
ate morrer

amores

todo amor
que tive
fica em mim
um cisto
padeco
deste mal
coracao policistico

desvio

mesmo quando
acerto
eu fiz
do jeito errado

baixo

na minha cabeca
so florescem
inaproveitos
dali pra baixo
floreco
de outros jeitos

so

a cada dia
um verso
e basta

sobremesa

fico aqui
escrevendo
alguma coisa
gostosa
de se ler

mindinho

alguns dedinhos
de amor
sei que
tivemos

cara ou coroa

minha cara
com o outro
concorda

domingo, março 05, 2006

.

queria escrever perguntas
e o ponto de interrogacao
fosse ficando
cada vez mais fraco
a cada pregunta
a tinta
a tinta no papel
e a ultima pergunta
seria igual a primeira
so que com um ponto
final
pretinho

miseravel

escrevo sim
nao importa aonde
do meu lado
um papelzinho
eu preciso
em branco
que eu
estrago
nada de
autopiedade
autocomiseracao
meu auto
eh
automatico

poder

esta vida
de nao podes
de
nos dois

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

delicias

vontade
de se ter
geladeira

manteiga

melhor

nao tê-la

segunda-feira, janeiro 30, 2006

transito

arranquei o carro
quando o sinal abriu
sempre correndo se estou na primeira fila
virei pra direita
o resto dos carros da avenida que eu estava
foi em frente
e eu vi la no cruzamento
num carro pequeno bem pretinho
com o sinal de alerta piscando
ela atras do vidro
balancava as maos
buzinava e pedia a todos
que parassem
uma emergencia
desci do carro correndo
pulei no meio da rua
fazendo sinal para os carros
um onibus viu
e parou
os outros carros por fim pararam
ela acelerou e passou
tudo muitissimo rapido
ela gritou
tchau
eu gritei
te amo

morro de vergonha
do amor

sexta-feira, janeiro 20, 2006

bons tempos

antigamente
eu achava
que no futuro
algum dia
eu escreveria
tudo aquilo
que pensava
fico protelando este dia
vou esquecendo o que diria
na velhice
nao quero mesmo
eh nenhuma
obrigacao

quarta-feira, janeiro 11, 2006

bichos

os cães são
aquelas pessoas
que passam
por nossas vidas
os gatos não
acabam
ficando

LOS PERROS
SON AQUELLAS PERSONAS
QUE PASAN POR NUESTRAS VIDAS
LOS GATOS
NO
NOS LOS ACABAMOS
QUEDANDO

vaga

Esperar mais um pouco
Comecar a escrever assim
Vagamente
Minha mente
Tem vaga

susto

As vezes
Desenhar
Parece um quase
Dizer nada
Descrever
Imaginar as formas
As coisas
Da muito susto
Ver

li

De tudo
Só podia
Ficar mesmo
A escrever

Todo fazer
Me torna feito
Escrito
Desfeito

A cada verso
Escrevo
Um dia

Se não é verso
O dia
Foi pura
poesia

remedio

vivo sim agora
medicadinho
pra nao chorar

escuta

puxar
conversa
com alguem
eh um pedido
de socorro
nao quero
falar sozinho
fala comigo?

sinto

de mais na vida
eu sinto falta
de ser
amigo

portugues

eu nao tenho estudo
mas nao eh por isto
que eu erro a pontuacao
eh mesmo por vergonha
quem sou eu pra separar
duas palavrinhas
e ali no meio delas
virgula

poesia

Isto que eu penso
Acho lindo
Escrevo
Tudo isto
Eh so mesmo
O que todo mundo eh
Fico tao feliz
Em ser gente
Que acho que eh
poesia

eu

sempre
pareco
parado

inicio

No principio
Uma filha
Viveu pouquinho
Candida
Ela chamava
Eu andava pelas ruas
Com saudade
Das flores
Se ela tivesse
Vivido
As flores
Seriam dela

afogo

Tudo que faco eh sem profundeza
Eh sempre este rasinho
Boiando
Nadando
Tenho medo de ir no fundo

anote

Precisa constar
O descompromisso
Eh facultativo
Doacao

destino

Minha historia
Eh esta
Ficar quietinho
Esperando alguem cair do ceu
Gosto mesmo
Eh de fazer sorrir
Sem exagero
La dentro
Fundo
Cosquinha
Na alma

bom dia

diminutivos
grandes ternuras
sou este assim
candidamente
caldinho insosso


e como agora
eh de manha
mingal
sem gosto

de outro

e estes versos
que eu esqueco
vao parar em outras
escrivaninhas

quando depois
eu leio
espanto

duvida

na minha equipe
no meio do mato
na hora do almoco
eu tinha um colega
que no fim
dentro da marmita
ele jogava agua
misturava tudo
bebia o caldinho
ela falava
lavagem

la em casa na geladeira
a helena guardava
resto de comida
de muitos dias
levava pro porco
que ela tinha em casa
e ia no fim de semana
com uns sacos grandes
as vezes pingando no onibus
lavagem

desgraca pouca eh bobagem
comida no fim
eh lavagem

campainha

vozes eu nao ouco
nao escuto vozes
escuto so
o telefone tocar
chamando
nao atendo nunca
mas as vezes escuto
sinal de ocupado

depressao

durmo
sem cama
no colchao

mais forca
pra levantar
do chao

so

esse tanto tudo
que a gente
esta vivendo
eh um
cuspe

e

entao
eh um peso
uma ilusao
porque
tao bom

conversa

-esqueceu?
-nao
-deslembrou!
-...

ali

tira a mulher da sua vida...

meu passado ali
furadinho

passarinho

assim que o dia
acordou
ali
no parapeito
da janela
tinha nada nao
so vento
e bom dia

nomes

eu nao sei
que direcao
tomar
eu nao sei mais
aonde eu
deva ir
nome de pedreiro

pressa

devagarinho
meu desejo
dura mais

dois

por causa destes
dois olhos
de inicio
ja dois
pontos de vista

alma

cresci aos pulos
minha alma
sempre atrasada

quinta-feira, dezembro 22, 2005

sozinho nao

os seus comentários me fazem companhia

estes escritos

delicia pronta pra consumo

sexta-feira, dezembro 16, 2005

principio

vc toda pudica

sou?
te falei
só de inicio

se fingiu

envergonho

msn

hm
hm de bom?
hm de sei
sei

vento

aqui perpassa um vento...
é?
lembra das janelas conversando

terreiro

a falta
de um fosforo
fez de mim
um macumbeiro
acendo a vela
enquanto fumo
a chama acesa

destino

sorte
ou azar
tanto faz
importa so
isto
me pegar

segunda-feira, setembro 19, 2005

passou

conheci uma menina
que no meio de multidao
olha pro nada
fica mesmo
eh ouvindo
as conversas
passarem

terça-feira, setembro 13, 2005

homem-bomba

fico esperando
uma doce ideia
que destrua o mundo
a mim tambem
mas por ultimo

shiu

eu guardo com as coisas
confidencias
eu guardo
as pessoas
por segredos

versos

isto que eu penso
e acho que é muito bom
nada mais é que o que todos pensam
mas eu fico tao feliz em ser gente
que acho que o que penso
é poesia

electricidade

meu amigo
desliga das tomadas
os eletrodomesticos
pra ele
a principio
nada stand by

no-post

aqui eu nao queria
posts
eu queria mesmo
eh
postes

querida p

eu queria
um dia
saber de ti
encontrar-te
naquela mesinha boba
bebendo sentado junto
à estatua de fernando pessoa
na praça camoes
encontrar-te foi ter
um tempo antigo
de criança
de candura
uma lingua portuguesa velha
me contando histórias
essa lisboa que busco em ti
são lembrancas de pequeno
bocadinhos de sorrisos

sexta-feira, setembro 09, 2005

balanço

ontem me disseram
que danço
feito
boneco de olinda
os bracos pendurados
soltos sem dono.

quinta-feira, julho 07, 2005

olhos

eu so queria aqui
te dizer
que eu queria
nao ver mais seus olhos
eu queria acreditar
que o que vc vive
o que vc fala hoje
nao eh o que esta escrito
neste seu olhar
queria poder esquecer
poder ser irresponsavel
por vc
olhar e ver que ali
ja existe mesmo
alguma coisa
que nao seja
deseperadamente
sua tristeza me chamando
queria esquecer
que a minha vida
nao eh sorrir a cada vez
que nossas maos
se encontram
esquecer que meu futuro
nao eh mais ter percorrido
este tao sofrido caminho
e na varanda
ter alguem pra ficar
em paz depois de tudo
queria acreditar
que ja fiz tudo
acreditar que acabou
que sua tristeza agora
ja passou
de mim
eu so queria mesmo
eh poder finalmente
sofrer

segunda-feira, maio 30, 2005

telefone

meu medo
me faz
me fez
um desamante
esquecido de ternuras
e voz doce no telefone

dia

De tudo
Só podia
Ficar mesmo
A escrever

Todo fazer
Me torna feito
Escrito
Desfeito

A cada verso
Escrevo
Um dia

Se não é verso
O dia
Foi pura
poesia

português

Quem não sabe
Escrever português direito
De tudo pode ser
Menos bom
Sugeito

Sugestão
Tem tudo a ver
Com este
Seu jeitão

aposentadoria

Nunca pensei na velhice
Mais do que trinta anos

Viver no lucro
Só dá prejuízo

Não pensei em cuidar
Da saúde
Da poupança
Sobreviver depois do fim
A cada data que escrevo
Depois dos trinta anos
A cada dia passante
Fico contente
Arrependido
Preocupado por começar
A querer viver
Depois do fim
Difícil é pensar
Que não tem fim
Pior é pensar
Que é pouco

paz

Dois minutos
De paz eu tenho
Dois minutos
De microondas
Fazendo o cha
Para minha esposa

felicidade

A felicidade
É pouco exigente
Menos asséptica
Não sei mesmo
Escrever
Me perco no dizer
Queria dizer
A felicidade
É um pouco
Menos rigorosa
Menos exata
Menos prevista
Menos limpa
Mais confusa
Surpreendente
Às vezes
Desenhar
Parece um quase
Dizer nada
Descrever
Imaginar as formas
As coisas
Dá muito susto
Ver

vaga

Esperar mais um pouco
Começar a escrever assim
Vagamente
Minha mente
Tem vaga

segunda-feira, abril 25, 2005

cães e gatos

os cães
são aquelas pessoas
que passam
por nossas vidas
os gatos
não
elas acabam
ficando

11092001

todo mundo aí é assim
o mundo todo
do outro lado você
nervoso e errado
a turma só vai crescendo
parece então
que você não vai mais perder

terça-feira, abril 19, 2005

oi

oi
estou em recaída de amor
hoje
senti dor no peito
saudade de ser feliz
não sei como tirar de dentro
o que eu sinto
transformar reinventar
não sei mesmo é viver
sem estar amando
tirando isto
fico só boiando
afundando
socorro não
quero mesmo
é beliscão

segunda-feira, abril 18, 2005

castelo

Fiz um castelo pra você
Tem torre com escadinha pra subir
Tem uma ponte, passarela por cima de um fosso
no quarto dos meninos tem dois soldados
e um cavalo na janela pra proteger
tem túnel que vai pro porão
duas colunas bem fininhas
que assim ficam mais altas
tem laguinho com peixes e um dia já teve patos
tem terraço pro sol ver você
o banheiro fiz azul com ondas na parede
pelo chão deste castelo tem flores coloridas
alegrias pro seus pés
no teto tem flores também
coloridas ou de cristal
só esqueci de te dizer
que os dragões
a madrasta
neste castelo
a bruxa sou eu
mas fiz janelas e muitas portas
para um dia você fugir

esmagador

sou esmagador com os outros
mesmo sem querer
dormindo eu esmago
outro dia dormindo
minha respiração forte
ela
e agora, o que eu te fiz pra você suspirar tanto
eu
acordei

fim

meu amor
por favor
deixa eu
me por fim

um pouquinho mais
de paciência
eu ainda
não acabei de amar

isto eu tenho
só comigo
fácil de escapulir

se fugir
desgasta
maltrata

separação

passei a aliança
pro polegar
me perguntam se ela
vai voltar
eu acho que não
a aliança não sai mais

sexta-feira, abril 08, 2005

vovô

vovô no canto pensando

velhinha
ela vai ter dó

espero mortinho

arco iris

Deturpadinho
Eu serei na ausência
Torcido
Esmigaçando o amor
Se voce estiver pensando
Planejando morrer
Uma vez um beija flor
Queria beijar minha boca
Tive medo dele furar meu olho
Espantei
Eu estava no jardim
Brincando de fazer arco iris
Fingi com a boca que era flor
Depois espantei

meu nome

Meu nome é pequeno curto baixo
Nada muito grande eu sei fazer ou ser
Nem amor eu pude dar de grandeza
Abraçar proteger envolver sustentar
Meu amor foi fininho ralo pouco sem ver
Não foi amor de mar ondas imenso
Foi amor de córrego de bica pouquinho
Transparente fresco todo dia gostoso de beber
De matar a sede dos dias de trabalho muito
Mas sem graça pros dias de festa
Pouco pra fazer feliz

domingo, março 27, 2005

queria tanto

queria tanto
que você me achasse
quando eu fico assim
escondido de você

pra sempre

amor
por favor
antes de você ir
me explica
direitinho
o que era
o pra sempre

sexta-feira, março 11, 2005

fugir fujir

nunca vou fugir
sempre que penso nisto
me perco no saber
se é com j ou com g
por não saber as letras
também muita coisa
não vou fazer
minha vida vai ser
a cada dia mais
esta vidinha
de poucas palavras

dia dez

hoje já é dia dez
eu quase não faço muita coisa
minha esperança é que na velhice
já dê para juntar um pouquinho
de pouco em pouco
dois poucos já é mais
e assim vai

nossa senhora

eu tento me deixar
o menos possível
aqui no papel
mas no final
eu
aqui
aparecido

roça

morar numa casinha no mato roça
viver bem simples
nos feriados nas férias ser a casa dos meninos
casa de saudade de amores
brincadeiras sorrisos roupa suja
pé no chão
acordar tarde ou bem cedinho pra pescar
sem dever de casa
eu sou este bobo
que só acredita em amor em felicidade
no dia que não tem aula

pilha

eu li
eu sou um brinquedo que funciona
quando a pilha acaba

eu sorri
fiquei tentando descobrir qual brinquedo eu era
destes de madeira
destes de montar
de pintar
um carrinho de plástico
boneco
foi então que eu vi
sou mesmo
é a pilha quando acaba

corpo presente

corpo presente
não tenho corpo presente

corpo
pesado

passado
eu não lembro

futuro
não sei pensar

feliz aniversário!

presente?
eu não trouxe

supermercado

preciso me olhar lá no princípio
naqueles espelhinhos de supermercado do interior
aqueles com a moldura laranjada
pequeno que nem dá pra ver o rosto inteiro
eu quero isto
não sou inteiro
sou partido
não posso ter espelhos grandes
não sou um todo
sou mesmo
é quase nada

promessa

Quem promete
Fica sempre prometendo
Acaba só ficando
Acaba
e só

livro

escrevi um livro
só de versos
Versos pequenininhos
Livro grosso
Várias páginas
Se juntar pertinho
Um verso depois do outro
Quase nada

pensar

Não gosto de ficar ouvindo conversas dos outros
Odeio pensar me intrometendo

pessoalmente

Tem muita coisa que eu não escrevo
Prefiro escrever pessoalmente

terça-feira, março 08, 2005

copo

toda imagem me tortura
fico procurando
neste copo sobre a mesa
vazio úmido
lacrimejando a falta da sua boca
que bebia cerveja preta
neste choro do copo
dou por mim
com um sorriso no rosto
assustado viro os olhos pra outro lugar
agora sim
o copo é só copo
será que ele ainda está chorando?

poço

Quando estou sozinho
Com este caderninho
Que eu posso escrever
Não posso
É um poço

trocas

Troquei meus sonhos
Minhas esperanças
Por uma casa arrumada
Por uma família comportada
Por uma mulher bem sucedida
Troquei o melhor de mim
Por tudo isto
Troquei até bem
Acho que estou no lucro

dormindo

Dormindo eu escuto
Um sonho eu ouço
De longe uma música
Vem crescendo
Se misturando comigo
Acordando
Este calor fininho
Que me invade
Toma conta de mim
Seu corpo encanta
É serenata
Embaixo da minha janela

cada dia

A cada dia
Escrevo um verso
Tem dias que
Só penso

Eu fico sempre assim
Sozinho fugindo
Evitando encontrar
quem quer que seja
Tenho medo de cruzar com alguém
E não me reconhecer

gorjeta

deixa a gorjeta
agora, um real
pagamento adiantado
que eu tenho que ir na escola
- mas se voce for embora,
quem vai tomar conta do carro?

Meu irmão vem de noite
Um real é pela vaga,
com seguro é três

o pior

eu queria enfrentar o mal, o pior, o feio
olhar no olho
e ver nos outros olhos
o inferno do outro
mas até meu cachorro é doce
eu provoco arrepio
sinto medo
mas ele não me avança

letra

eu escrevo a letra
que eu ainda
nem pensei
antes de escrever
a letra daquela hora
eu escrevo a próxima
escrevo adiante de mim

e quando chegar o dia
que eu nem saiba
qual a letra
qual a próxima letra
ou pior
se um dia
eu nao souber mais
qual a letra anterior

moda

na moda eu só gosto
dos costureiros
de baixa costura

de bem

esta mania
ainda minha
de não querer
o que é de bem

eu tenho muito pouco ânimo
em ser feliz

recadinhos

eu fico por aí
deixando estes
recadinhos escritos
um dia alguém vai achar
e tomara
oxalá
seja tarde demais

chico

chico
eu queria
tanto
te abraçar
pena que você
me suja

viagem

esta coisa de viagem
me da sempre medo
acho terrível estar longe
me esqueço fácil de quem estava aqui
essa solidão de não ter ninguém dentro

parecido

sou parecido
toda vez que conheço alguém
sou parecido com outro
alguém conhecido
difícil depois disso
é não ficar parecido
ficar diferente de alguem desconhecido
mais na frente da conversa
ela fala
-o jeito então, é muito parecido.
e esse jeito nem é meu

duro é ouvir de outro
-não tem nada a ver

então fujo de um e acabo
prisioneiro de outro
se eu for diferente
de quem eu fingi ser
o outro pode então
me achar parecido

boneco

um dia você chega em casa
e pensa que o boneco é um estranho
e ele nunca mais confia em você
se um dia você pensou que ele era vivo
naquela hora já pensou o que ele pensou?
os bonecos só voltam a conversar conosco
depois de mortos

ponto

de cada conto eu retiro um ponto
do verso eu inverto
de escrever fico a ver
do amor a ter
dor
o problema de escrever
é que fica um pouco bonito

mansinho

as palavras deveriam cair no papel
bem devagar
de mansinho
qualquer ventinho carrega uma pena
pra outro coração
às vezes a gente até fala
sai pensamento
e ele vai embora
só que as vezes quando a gente fica
soprando muito
ou com força
ele dá uma volta e gruda na gente
as vezes a gente até engole
aspira uma pena
ou outra
e esquece

ausências

tenho ausências de escrita
de pouca leitura
o esquecimento
não sei escrever
eu gosto mesmo é de ver

queria tirar retratos com as palavras

fotos de cartier bresson
assim só preto e branco
aquela coisa bem grafite
a gente até esquece que existe papel
que vontade de sorrir
de segurar alguma daquelas crianças
de chorar por aquela mulher
descobrir o sentimento
tirar de cima o cobertor
esse friozinho de medo
assim só letrinhas no papel

inícios

eu acho que escrevo e esqueço
vivo achando coisas que escrevi
inícios
sou escritor de inícios

e se tivéssemos amantes
e soubéssemos
e se esses amantes fossemos
nós

faria com você
o que eu faria com as outras

pavor

te amar foi descobrir esse medo
ter em mim
pavor de não mais existir
perder de ti
de não te estar
essa fome do teu pior
do que mais te é teu
isso de dizer com te
te amo
é um verbo
na segunda pessoa
na sua pessoa

exercício

esse exercício
de pensar em versos
de colocar rimas
rítmos
nas palavras
não sei não
se um dia eu não
acabo
parado

esperar uma palavra
que caiba ali

é melhor então
ficar quieto
e calado

escrever de ontem
falar o quê de amanhã
e hoje
hoje nem tem
mais

pobre

fui escrever gastar
e não tinha memória suficiente
no computador
nem memória é bom
a gente ficar gastando
o ocidente só desperdiça
essa pãoduragem dos turcos é santa
o bom é só o essencial
roupas e comidas até os pássaros têm
eles encontram por aí
sempre achei que eu ia conseguir
encontrar um jeito
mais feliz de viver
não que eu esteja reclamando
mas queria ser mais pobre

só existe beleza na pobreza
essa beleza da verdade
nua e crua
é muito pobre ser nu e cru
esse negócio de vestido e cozidinho...

ter
dá medo

os peitos grandes
cheiram a desperdicio

fel

docemente a gente
vai escorrendo ali
um felzinho
tão pouquinho
a gente acaba
até viciando
nas maldades dos outros

florzinhas então
vermelinhas
parecem doencinhas
alegrando
um tanto bom da noite

aí chega a hora de dormir
e meus olhos vão ficar agora
olhando pras coisas negras
no escuro
minhas lembranças
vão fazer aquela confusao
dúvida no escuro
é puro pesadelo

atiçando

a dor é muita
para escrever
aquelas letrinhas
alí pretihas
atiçando a gente
quanto menos palavras
minha língua tiver
mais eu posso errar
o erro então
fica famoso

haikais

haikais
aquis

figurinhas

escrever é sempre achar
alguma coisa pra fazer
e ficar aqui quieto sem fazer nada
minha literatura é a de figurinhas amar é ...

uma coisa do lado de cá
outra coisa do lada de lá
por que existe acento no a?
existe acento?
e onde eu me sento?

coisa importante

preciso encontrar algo pra fazer
mas por medo
tem que ser escondido.

preciso encontrar um jeito de saber de mim
sem precisar de espelhos

tenho muito medo do que eu quero
tanto medo que eu nem sei o que é

nunca escrevo nada que me mostre alguma
coisa importante

o que

de ter tantos arquivos de escrever
eu acabo não sabendo aonde dizer
e de não saber onde
termino não sabendo
o quê
tenho em mim esta coisa de vazar
estou sempre em vazamento
o problema é que as goteiras incomodam
por ficarem apenas pingando
incomodam pela chatice
essa coisa de ser quase nada
e quando a gente não presta a atenção
ela acaba aparecendo no fundo
e vai aumentando até não aguentarmos mais

o problema de escrever é que
quando a gente escreve
nunca encontra o que queria
mas se a gente não escreve
fica com a sensação de que a coisa
seria esta

segunda-feira, março 07, 2005

fábulas

nesta noite fria
minha mulher
deitada na cama
lendo fábulas
meu cachorro
deitado no chão
fabuloso
e eu aqui
nem lendo
nem deitado
mentiroso

diálogo

um porco
- coisa boa e ser feliz um pouco
- coisa porca e ser feliz um muito
a porca

ventos

Sempre tenho medo destes ventos que me acordam
Quando eu ainda não estou dormindo

ninar

Ninar é estar o mais feliz do mundo

mais feliz

Se eu fosse mais feliz com tudo o que tenho
Logo logo saberiam que tudo isto
Não me pertence

engano

Minha depressão é um pouco às avessas
Fico em mim mesmado de tanta felicidade
Acho injusto sair de mim
Com tanta tristeza que há por aí afora
Faço força então pra ser mais triste
Burrices mentiras
Esquisitices trejeitos
Se me pegarem sorrindo
Pensarão que é engano

prosa

queria escrever prosa
mas não consigo inventar nomes para as pessoas
das minhas hitórias
e morro de medo de escrever sem colocar nomes
e as pessoas virarem outras

criança

escrever feito criança
me esvazio de mim
e vou esvaziando
ate não ter mais nada
minhas histórias são então
só sorrisos e sonhos
são antes das letras

linda

ela era linda
uma delícia de falas
ela conversava
eu é que não sabia
a lingua
que ela falava

filho dos outros

odeio tomar conta do filho dos outros
eu fico vendo aquela criança ali e triste de não ver
como são meus filhos quando estão com outros

desgraça

desgraça pouca é bobagem
o fim da comida é lavagem
daqui só trago em mim
pouca bagagem
de ficar calado sempre passo por mal educado
se falo demais dou bom dia a cavalo

começar

acabo de começar a escrever nada
de nada a nada eu fico nadando

feliz

Sou tão feliz aqui no meu mundo
Sentado escrevendo
Então eu mudo de cadeira
A gente não pode viver assim tão feliz
Toda felicidade
Tem outro ponto de vista

agenda

Eu não tenho agenda
De jeito nenhum
Imagina se um dia
Eu perco

jeito

este jeito de louco...
escrever jeito
sempre me soa
esquisito

fico assim
meio desconfiado
na duvida
nunca sei se
deste modo
ou de outro

histórias

eu odeio fazer qualquer coisa
fico mesmo é só aqui
desistindo

eu queria mesmo é saber contar
histórias
e não ficar aqui
contando palavras

tv tupi

a tv tupi pegou fogo
e com ela todos os episódios do nacional kid
ninguém mais podia ver.
aí vieram as digitalizações
hoje a gente pode
ver alguma coisa do nacional kid
o computador deixou a gente sem certezas

um juiz não acha que o novo teste de dna
de um prisioneiro condenado a morte
deva inoncentá-lo
o promotor também não
e o técnico que fez o antigo teste?

erro

eu sempre erro
se eu nao errei
é porque
ainda não fiz

o gato é o seu fantasma
sua sombra

o cachorro...

não estamos nem comparando
nem falando de cachorros
de gatos
nem de sombras

outra

será que tudo em mim é mentira dela
e dela eu só tenho mesmo é outra?

poesia é quase coisinha
queria escrever assim
só coisinhas
a gente pensa assim
com poesia
pensa só
um pouquinho
de coisas

nick cave x sinatra

estranho esta coisa de amor

eu me levanto e ouço nick cave
corto meu cabelo eu mesmo
com tesoura e gilete
queimo incensos para abafar
outros cheiros proibidos

ela se levanta
abre as janelas
da bom dia ao mundo
e pra continuar
coloca frank sinatra

em algum lugar a gente
deve se encontrar

pote de barro

nem me lembro mais
do que dizia

esta preguica
que tenho de tudo

num lado
um papel
lilás roxo

do outro
dentro de um pote de barro
que meu filho me deu
um monte de lápis coloridos
todos brancos por fora

eu desejando escrever
ele
o monte
não me toques